Por Silvia Pimentel
Fonte: Diário do Comércio – SP
Aplicativos diversos
ajudam a emitir guia de impostos, boletos para receber de clientes e até
consultoria dos Contadores do Bem
Os
microempreendedores individuais (MEIs), que administram o negócio praticamente
sozinhos e hoje formam um grupo de mais de 5 milhões de pessoas no país, podem
lançar mão da tecnologia para fazer a gestão fiscal e administrativa do
negócio.
Embora
sejam obrigados a entregar apenas uma obrigação acessória por ano para a
Receita Federal, elaborada pela internet de forma rápida e simples - sem a
necessidade de um contador - todo apoio sobre como melhor gerir e administrar o
negócio é bem-vindo.
A
Receita Federal, por exemplo, desenvolveu um aplicativo para facilitar a
geração e emissão do boleto de pagamento mensal.
Ao
preencher o CNPJ, o microempreendedor tem acesso a um calendário que aponta a
existência ou não de débitos com o valor do imposto mensal.
Por
meio do aplicativo, é possível gerar a guia de pagamento de imposto (DAS), que
vence no dia 20 de todos os meses, e visualizar orientações sobre prazo de
recolhimento, benefício previdenciário, consulta e apurações.
O
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além do
serviço de consultoria presencial e por meio de chat para orientar os
microempreendedores desde a formalização até apoio de consultoria financeira,
também desenvolveu um aplicativo que mostra o calendário de cursos e eventos
relacionados à gestão em todo o Brasil.
Para
ter acesso aos eventos realizados nas proximidades, o MEI escolhe o estado onde
exerce sua atividade empresarial.
CONSULTORIA DE
CONTADORES DO BEM
Os
MEIs que possuem uma conta digital no Conta.MOBI também ganharam recentemente
uma ferramenta gratuita de consultoria feita diretamente por contadores
cadastrados na plataforma da empresa, resultado de uma parceria com a Federação
Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon).
Juntas,
eles lançaram o programa Contadores do Bem. As dúvidas dos usuários da conta
são enviadas por e-mail para contadores próximos à localidade do microempreendedor
e respondidas em até 24 horas.
No
final, o profissional recebe uma nota do MEI pelo atendimento. Para ter acesso
aos contadores, é preciso fazer o download do aplicativo no site do Conta.MOBI.
“A
ideia de aproximar o MEI de um contador é estabelecer uma parceria, pois o
microempreendedor hoje poderá ser um grande empresário amanhã”, explica o CEO
da empresa, Ricardo Capucio.
Atualmente,
existem 150 contadores cadastrados, a maioria de São Paulo e Minas Gerais, onde
o programa já foi lançado. A meta da empresa é cadastrar na plataforma cerca de
100 profissionais por Estado.
Na
opinião de Ricardo Capucio, houve uma mudança importante no perfil dos
microempreendedores que precisa ser explorada.
Além
de buscarem a formalização, estão mais preocupados com a profissionalização e
boa gestão do seu negócio.
A
iniciativa de aproximar o MEI de um contador tem respaldo na legislação que
instituiu essa figura jurídica na base da pirâmide empresarial.
A
norma estabelece que os contadores devem oferecer orientação gratuita no
primeiro ano de atividade, o que inclui a abertura da empresa pelo portal do
empreendedor e a entrega da primeira declaração ao fisco.
“Houve
também uma mudança de postura dos profissionais da contabilidade, que hoje
enxergam uma oportunidade no atendimento ao microempreendedor”, afirma Danilo
Borges, coordenador do programa Contadores do Bem.
ALTERNATIVA AO
BANCO
O
lançamento do Contadores do Bem faz parte da nova estratégia da empresa para
atrair os microempreendedores. Das 20 mil contas digitais abertas desde o ano
passado, quando foi criada, mais de 70% são de MEIs.
Além
de identificar a necessidade de uma consultoria financeira e contábil, a
startup mineira percebeu as dificuldades enfrentadas por esses empresários para
abrir uma conta corrente jurídica, exigência feita por grande parte das
empresas que possuem relação comercial com o MEI.
Além
da demora e burocracia exigida pelas instituições financeiras, abrir uma conta
significa arcar com altas tarifas de serviço, cujos valores podem ultrapassar a
quantia do imposto mensal, que hoje não chega a R$ 60.
A
conta digital é similar a uma conta bancária jurídica e que permite aos
usuários realizarem operações como emissão de boletos, controle de recebimentos
e pagamentos de contas, com tarifas menores do que os cobrados pelos bancos.
Com
ela, o usuário paga pelo uso do serviço caso escolha a modalidade sem
mensalidade, indicada para quem emite até três boletos por mês.
Nesse
caso, a compensação de um boleto custa R$ 3,99 e as transferências por TED ou
DOC e os saques em caixas eletrônicos saem por R$ 7,99.
A
ideia de lançar a conta digital surgiu depois da Lei nº 12.865/13, que trata
dos meios de pagamento e instituiu a figura de uma instituição de pagamento
(IP), regulada pelo Banco Central, que é equiparada a um banco.
Essas
empresas podem administrar contas de pagamentos, especialmente aquelas
vinculadas ao celular. A norma permitiu que as novas empresas de tecnologia que
atuavam com meios de pagamento pudessem criar uma IP e prestar serviços
similares aos de uma instituição bancária. Nesse caso, as contas estão dentro
do arranjo do pagamento da Visa.
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