Tributação do Simples não é tão menor do
que a de empresas que estão fora desse sistema tributário
BRASÍLIA
- Ao contrário do que imagina o senso comum, a tributação sobre as empresas
do Simples não é muito menor que a das empresas que não estão nesse regime.
Pelo contrário, há casos em que as pequenas pagam, proporcionalmente ao que
ganham, mais impostos do que as médias e grandes. Mas, mesmo suportando uma
carga mais pesada, elas permanecem no regime. A causa mais provável é de que
elas estariam fugindo da burocracia.
Essas são algumas conclusões a que chegou um estudo inédito, obtido pelo
Estado, realizado pela FGV Projetos para o Sebrae.Ele comparou os valores dos
tributos recolhidos pelas empresas com sua receita bruta e obteve, assim, uma
medida de peso tributário chamada alíquota média.
A conclusão mais surpreendente do trabalho é que, no Simples, a carga de
tributos federais é de 4,95%, ante 8,77% pagos pelas empresas que declaram
Imposto de Renda no regime de Lucro Presumido e 5,62% das que declaram pelo
Lucro Real, onde estão as grandes.
“As alíquotas do Simples e do Lucro Presumido, que são vistos como regime de
tratamento favorecido, não são tão mais baixas assim”, disse José Roberto
Afonso, coordenador do trabalho. Essa afirmação é válida mesmo para o comércio,
onde estão 53% das empresas optantes do Simples, num total de 1,4 milhão. A
alíquota federal média é de 4,51%, ante 6,14% no Lucro Presumido e 3,13% no
Lucro Real.
Sem impedimento.
Se quisessem, esses estabelecimentos comerciais poderiam passar para o regime
de lucro real, onde a tributação é menor. Não há impedimento legal a isso.
Afonso acredita que elas não o fazem porque recolher tributos pelo lucro real é
muito mais complicado e cheio de exigências burocráticas. Ele cita o relatório
Doing Business, do Banco Mundial, segundo o qual as empresas brasileiras gastam
2.600 horas por ano para pagar tributos, o que coloca o País como campeão
mundial nesse quesito.
“É o que nós chamamos de manicômio tributário”, disse o presidente do Sebrae,
Guilherme Afif Domingos. “Os regimes tradicionais estão ultrapassados e há uma
fuga em massa para a simplificação.”
Afif é o principal patrocinador do projeto de lei que eleva o limite de
enquadramento das empresas no Simples. Hoje, são classificadas como pequenas as
empresas que faturam até R$ 3,6 milhões ao ano. Esse valor passaria para R$ 7,2
milhões. Para as de médio porte, chegaria a R$ 14,4 milhões. A proposta já
passou pela Câmara, mas está parada no Senado. Ela encontra resistências nos
governos, pois reduz a arrecadação em estimados R$ 11 bilhões.
Fonte: Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Recurso exclusivo para assinantes do Blog Siga o Fisco
Para Consultoria, Palestras, Cursos, Treinamento, Entrevista e parcerias, envie através de mensagem e-mail, nome e contato.