Por Estadão Conteúdo
Fonte: Diário do Comércio – SP
Mansueto Almeida,
secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, diz que
formato final das regras será decidido pelo Congresso
O secretário de Acompanhamento Econômico do
Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, disse que o governo já tem a reforma
da Previdência praticamente pronta, mas que o formato final dessa reforma quem
vai decidir é o Congresso.
"Por exemplo, a regra de transição vai
ser curta ou média? Essa vai ser uma decisão do Congresso", disse.
O secretário também negou que o governo tenha
sofrido uma derrota no Câmara com a votação da renegociação da dívida dos
Estados, porque "o essencial foi mantido". A seguir, os principais
trechos da entrevista.
Na renegociação da dívida dos Estados, o governo sofreu
uma derrota?
Não. O que eu notei do que se passou nesta
semana é que precisamos fazer um trabalho muito mais intensivo de comunicação
com os congressistas. Ainda bem que o que aconteceu na Câmara não afetou em
nada o ajuste fiscal, porque você tinha dois incisos.
Em um, limita-se as despesas primárias, que é
o que importa pra gente. E, no outro, limita-se o aumento de salário real. No
caso dos Estados, 70% dos gastos são despesas com pessoal.
Por quê a retirada do limite ao reajuste
salarial não foi uma derrota?
Porque, quando se limita o crescimento das
despesas primárias correntes, automaticamente se limitam os aumentos salariais.
Agora, os governadores não vão poder conceder aumentos, porque tem uma regra
que limita as despesas primárias deles. Vão ter de negociar com cada categoria.
Há uma preocupação com relação a algum prejuízo à PEC do
teto dos gastos?
Não, porque, por enquanto, a PEC é muito
dura, já que estamos num desequilíbrio fiscal grande. Por outro lado, se a PEC
for aprovada, ela vai disparar um aumento de confiança no país e com vários
efeitos positivos.
Então, o que temos de mostrar para todos os
setores da sociedade é que a PEC trará benefícios imediatos, porque não estamos
cortando, em termos nominais, as despesas. Estamos cortando o crescimento. Ou
seja, não vamos fazer cortes de R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões, R$ 50 bilhões nas
despesas. Vamos apenas controlar o crescimento.
Há quem diga que, com teto de gastos, mas sem reforma da
Previdência, não haverá ajuste. É isso?
A reforma da Previdência é uma necessidade
aritmética. Vamos ter de fazer, porque, se não fizermos, teremos de aumentar a
carga tributária nos próximos 30, 40 anos em quase 10 pontos do PIB.
Com que riscos vocês trabalham para a reforma da
Previdência?
O governo já tem a reforma da Previdência
praticamente pronta. Tem uma série de coisas que, naturalmente serão decididas
no Congresso. Por exemplo, a regra de transição vai ser curta ou média?
Essa vai ser uma decisão do Congresso. Mas
acho que, para isso, será necessário um trabalho de explicar para a sociedade
que hoje não faz sentido as pessoas se aposentarem com 48, 49, 54, 55 anos de
idade.
É uma idade muito baixa. Não era na década de
60, mas hoje é. A maioria dos países trabalham com idade mínima.
O governo trabalha com um prazo de transição para a idade
mínima?
Toda reforma de Previdência tem um período de
transição. O que se debate é a velocidade desse período de transição. O governo
vai propor uma regra, mas é o Congresso que vai ser decidir.
Não pode ser uma regra muito longa. Não pode
ser também uma regra que só pegue quem está entrando agora no mercado de
trabalho, porque vai demorar 35 anos.
O governo se comunicou mal com os
congressistas na renegociação da dívida dos
Estados e por isso teve de ceder?
Aí é que está a questão. Do nosso ponto de
vista o governo não teve de ceder em coisa alguma. O que interessa é que eles
não podem aumentar as despesas além da inflação. Caso contrário perdem os
benefícios da renegociação.
Então não teve, absolutamente, nenhum recuo.
O que a imprensa colocou como recuo era a questão de definição de despesa com
pessoal, algumas coisas ligadas à responsabilidade fiscal.
Então, por que tanto ruído?
Essa parte do projeto veio do governo
anterior. Os Estados quiseram que se deixasse isso lá, mas, novamente, não era
consenso entre os Estados, mas causou uma série de ruídos desnecessários.
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