Fonte:
Jornal do Comércio - RS
Batizado
de "Crescer sem medo", o projeto de lei que faz modificações no
Simples Nacional está na fila para ser aprovado pela Câmara dos Deputados.
Apesar disso, as principais novidades, a criação das Empresas Simples de
Crédito (ESCs) e as novas faixas tributárias para as pequenas empresas, ainda
terão de esperar um pouco. "Só podem entrar em vigor em 2018,
infelizmente", lamenta o presidente do Sebrae nacional, Guilherme Afif
Domingos. Outras medidas, porém, como a renegociação das dívidas das empresas
do Simples, devem ganhar a rua antes disso.
"O
que temos de resolver com urgência é o reparcelamento de dívidas das empresas
do Simples, para trazer de volta ao jogo quem está inadimplente hoje",
afirmou Afif, convidado de ontem do Tá na Mesa, da Federasul. A nova legislação
abrirá uma janela de 90 dias a partir da sanção presidencial para que as
pequenas empresas renegociem seus débitos. Hoje com limite de 60 parcelas, os
pagamentos poderão ser estendidos para até 120 meses. O Sebrae está organizando
mutirões, que espera incluir também os bancos, para viabilizar a reorganização
das empresas endividadas.
Os
projetos de alteração no Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte, que retornaram com modificações do Senado, estão entre os próximos
a serem votados pela Câmara, último passo antes da sanção presidencial. Havia a
expectativa de serem votados na última terça, que acabou não se concretizando.
"Temos um complicador, com o período eleitoral, pois precisamos ter um
quórum alto para aprovar os projetos", comenta Afif, que não descarta,
entretanto, que a definição aconteça já na próxima sessão.
O
presidente do Sebrae também defendeu a criação das ESCs, que serão meios pelos
quais as pessoas poderão emprestar dinheiro a microempreendedores de sua
cidade, à sua escolha. "Não é regulamentar a agiotagem, como já nos
acusaram, mas sim concorrer com a oficial, feita pelos bancos com cheque
especial e cartão de crédito", defende Afif. O presidente voltou a
criticar o sistema financeiro nacional, que julga o mais concentrado do mundo,
por "captar de todos, mas emprestar só para alguns, sempre quem já tem
patrimônio para dar como garantia".
Outra
grande inovação das novas regras para o Simples será a abolição das diversas
categorias e faixas de enquadramento das empresas, que serão substituídas por
apenas cinco faixas. "Será um sistema de rampa, e não mais de
degraus", contextualiza Afif. Além disso, os pequenos negócios pagarão o
imposto de maneira escalonada, apenas sobre a diferença entre as faixas, assim
como acontece com o Imposto de Renda. O limite de faturamento, hoje em R$ 3,6
milhões, também será expandido para R$ 4,8 milhões em relação aos tributos
federais.
As
alterações também atingirão o segmento de startups. A partir de 2017, as
empresas nascentes não serão mais excluídas do Simples quando receberem
investimentos dos chamados "anjos". A ideia é que, com isso, os
negócios possam maturar antes de saírem do sistema. Além disso, também será
feita a separação dos riscos do negócio e da gestão - ou seja, os investidores
não responderão por eventuais problemas tributários ou trabalhistas da empresa,
por exemplo. "Sempre digo que o Steve Jobs não existiria no Brasil, teria
sido exterminado pelo nosso sistema tributário", brinca o presidente do Sebrae
sobre o panorama atual.
O
Sebrae ainda trabalha para a criação do chamado Simples Internacional, que deve
iniciar com um acordo bilateral exclusivo para micro e pequenas empresas entre
Brasil e Argentina. O projeto acabaria com as barreiras para exportação destes
negócios, ancorado também na figura já existente na lei do operador logístico,
que faria todo o processo aduaneiro. "A globalização não chegou até hoje
aos pequenos, que são 95% das empresas do Brasil", argumenta Afif. A ideia
já teria sinalização positiva dos dois governos, e deve ter suas primeiras
propostas debatidas em outubro. Para
presidente do Sebrae nacional, impeachment de Dilma Rousseff é 'página virada'
Questionado sobre a votação final do processo de impeachment da presidente afastada
Dilma Rousseff, o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, afirma não ver
possibilidade de reviravoltas. "É uma página virada. Estão apenas
cumprindo os ritos legais, mas é um assunto já liquidado", declarou.
Ex-ministro de Dilma, Afif ressalta, porém, que a estabilidade política do País
depende menos do encerramento do processo do que do andamento da Operação Lava
Jato. "Temos ainda muitas emoções reservadas, e só aí vamos ver o que vai
acontecer", projeta o dirigente.
A
estabilidade é esperada por Afif para melhorar o ambiente de consumo do País.
"Assustou-se demais o consumidor nos últimos tempos, e normalizar a
situação política ajuda a melhorar um pouco esse quadro", defendeu. O
dirigente não quis fazer projeções da retomada econômica brasileira, que
considera difícil por conta de o mercado vir de resultados negativos, mas
considera que a simples expectativa de retorno do crescimento já ajuda a girar
a economia.
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