Fonte: Jornal do Comércio – RS
A
realidade tributária brasileira é complexa e, com a recessão econômica atual,
se tornou uma grande preocupação entre os empresários. Para se proteger, indica
o sócio-diretor do TAX Group, Luis Wulff, a revisão fiscal pode ser uma aliada
para evitar o pagamento excessivo de impostos. O procedimento “permite que o
empresário se torne conhecedor da real situação tributária de sua empresa”.
Após
a apuração dos resultados, diz o consultor tributário, é possível elaborar um
planejamento tributário, afim de adequar a empresa ao regime de tributação mais
adequado e tornar possível a identificação da melhor estrutura societária para
o negócio, apresentando as estratégias para redução da carga tributária e
melhoria do fluxo de caixa. “O planejamento pode ajudar as companhias a
organizarem melhor suas obrigações fiscais e economizarem legalmente a título
de tributos, o que gera reflexo positivo e direto em seu fluxo de caixa”,
destaca.
JC
Contabilidade – De que se trata a revisão fiscal e qual a sua importância para
a reflexão acerca do balanço empresarial?
Luis
Wulff – O trabalho de revisão fiscal trata as bases eletrônicas na raiz, dentro
do sistema de gestão da empresa. Ele faz um tratamento na matriz tributária
para saber se as regras estão corretas, faz uma auditoria e, a partir daí, a
gente faz um reprocessamento digital de toda base do cliente, ou seja, de todas
as operações possíveis feitas em um universo dos últimos cinco anos - prazo de
prescrição ao qual a Receita pode questionar alguma coisa. A revisão fiscal faz
o tratamento e depois o cruzamento digital do que foi entregue ao Fisco. Ela
faz uma malha fina da pessoa jurídica.
Contabilidade
– Além de verificar se há inconsistência no que já foi entregue, para que serve
a revisão?
Wulff
- As ideias principais são, primeiro, dar conforto para a empresa de que
realmente as obrigações acessórias são entregues com uma qualidade refletida
nos seus dados. O segundo ponto importante desse reprocessamento de todos os
dados é a identificação de eventuais ativos - créditos recuperados em função de
erros de procedimentos que possam existir. E o terceiro ponto é identificar
passivos, ou seja, aquilo que a empresa deixou de pagar ao Fisco e está em
débito.
Contabilidade
- Depois, já se pode começar a investir no planejamento tributário?
Wulff
- Exatamente. Primeiro é preciso fazer a limpeza da casa para depois partir
para a reforma.
Contabilidade
- Quais os pontos mais importantes de serem observados por quem o faz?
Wulff
- O planejamento tributário deve partir do próprio planejamento estratégico da
empresa, que irá trazer todas as perspectivas de crescimento, aumento de
planta, projeto e desenvolvimento de novas filiais e operações, inclusive no
exterior, e suas respectivas provisões. O planejamento tributário olha para a
estrutura de negócios – produto, logística, estrutura societária e estrutura
fiscal, e cria layouts para cada sugestão de operação simulando que impactos
poderão existir. O cliente opta pelo layout mais adequado de acordo com o risco
envolvido em cada um.
Contabilidade
- A carga tributária de cada estado acaba influenciando no planejamento?
Wulff
- É preciso levar em conta os impactos fiscais das regiões onde serão
desenvolvidas as atividades da empresa, uma vez que existem programas especiais
de incentivo fiscal e diferenças significativas de alíquotas entre estados e
municípios. Necessário se faz também dar atenção especial às operações de
importação e exportação, aquisição de máquinas (ativo imobilizado), insumos e
contratação de pessoal. Boa parte dos erros cometidos pelas empresas está nas
apurações de ICMS, PIS e COFINS, pois se referem justamente ao aproveitamento
de créditos existentes para esses tributos específicos dentro da sistemática de
não cumulatividade.
Contabilidade
- O planejamento tributário atua de forma preventiva, ou seja, tendo em vista o
futuro e remediando muito pouco daquilo que já submeteu ao Fisco. Mesmo em um
cenário atual bastante desgastado, você acredita que ele pode ser um
investimento importante às empresas brasileiras?
Wulff
- Muitas vezes por não olhar para a área fiscal, a empresa acaba repetindo
centenas de vezes operações erradas ou desnecessárias, sem parar para pensar no
ponto de vista fiscal. É claro que o planejamento é futuro, mas ele pode servir
para curto, médio e longo prazo. Ele pode servir para melhorar algo agora. Nós
já tivemos clientes que nos procuraram querendo reduzir a estrutura sem gerar
passivo. Nem sempre o planejamento é voltado ao crescimento. Ele pode render
operações, que eventualmente são deficitárias, e propor situações que a tornem
superavitária. Eu não tenho como afetar fatos geradores de tributos que já
ocorreram, mas tenho como trabalhar fatos geradores futuros entendendo quais
serão as incidências da matriz tributária e seu respectivo impacto. Com isso,
posso mudar uma operação, construir uma nova estrutura de negócios ou até
reduzir negócios.
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