sexta-feira, 8 de abril de 2016

A revolução da roupa casual em uma empresa

Pouco antes do Dia de Ação de Graças, a empresa de contabilidade Crowe Horwath, de Chicago, divulgou um vídeo instruindo os funcionários sobre o que é permitido ou não vestir.


No vídeo, os executivos da empresa usam roupas inapropriadas que os colocam na “Lista de Procurados” do código de vestuário da empresa. Os infratores aparecem em uma espécie de fila de suspeitos da polícia usando jeans rasgados e camisas enrugadas.
O vídeo termina com o CEO Jim Powers exibindo bermudas “casuais demais para o escritório”. Exatamente tão brega quanto parece.
O vídeo foi uma introdução à nova política de vestuário da Crowe, uma extensão para o dia a dia do experimento do “casual Friday” iniciado meses antes. O vídeo foi uma tentativa leve e meio nerd de enfatizar que alguns conjuntos continuam sendo casuais demais para o ambiente de trabalho.
Nada de moleton, tênis de ginástica ou calça legging, por exemplo. “Basta olhar no espelho antes de sair para trabalhar e assegurar-se que seu visual é apropriado”, disse Wendy Cama, sócia-gerente da Crowe. “Não pode parecer que você está indo para o bar. Você está indo para o trabalho”.
A política não significa um relaxamento completo do código de vestuário da empresa. Quando se reúnem com clientes, os contadores dos 31 escritórios da empresa não podem usar jeans. Desde dezembro passado, contudo, nos dias de quarentena no escritório em frente aoExcel, todos os 3.300 funcionários da Crowe têm permissão para vestir-se de forma mais casual.
Em uma manhã recente de sexta-feira, no escritório de Nova York da Crowe, Cama, 48, vestia uma calça preta que ela jura que era jeans. “Eu não tenho muitos jeans”, disse Cama, uma veterana com 25 anos de empresa.
Apesar dos códigos de vestuário descontraídos que viraram padrão em uma série de áreas de trabalho, o estilo jeans e camiseta nunca se infiltrou em setores profissionais como os de contabilidade e bancário.
Os dias casuais surgiram nos anos 1990 e se tornaram algo “de todos os dias” no final da década -- mas apenas para um determinado conjunto de trabalhadores de escritório.
Nos últimos 15 anos, a parcela de empregadores que permite roupas casuais permaneceu estável em cerca de 62 por cento, segundo pesquisas anuais da Sociedade para a Gestão de Recursos Humanos (SHRM, na sigla em inglês). As mesmas pesquisas da SHRM apontaram que apenas 36 por cento dos empregadores oferecem oportunidades de vestuário casual em mais de um dia por semana.
Os campos mais focados em serviços ao cliente, como contabilidade e consultoria, foram deixados de fora, em parte por causa da natureza do trabalho. “A maioria esmagadora [das pessoas] que vem receber orientação sobre impostos te observa e se você está vestindo um terno de US$ 800, pensa: esta pessoa deve saber algo”, disse Edward Yost, sócio comercial de relações humanas da SHRM.
Como muitos benefícios, a liberdade de vestir jeans é uma jogada de recrutamento. A Crowe se gaba por ser a única empresa de contabilidade entre as 10 maiores que adotou o vestuário casual. A empresa planeja exibir seu vídeo em feiras de recrutamento em universidades.
Apesar de todos os potenciais benefícios, a empresa está buscando minimizar o risco de os clientes se depararem com contadores desalinhados. Além do vídeo, a Crowe enviou e-mails explicativos descrevendo alguns prós e contras.
Cama sugeriu que os funcionários mantenham um par de calças sociais de emergência no escritório. Alguns gerentes realizaram reuniões para falar sobre como tratar corretamente os infratores. Outros foram informados que devem chamar a atenção de funcionários que não cumprem os padrões casuais do escritório. Alguns funcionários foram reprimidos por usarem a camisa para fora da calça. “É igual com as crianças: quando confiamos, elas forçam os limites”, disse Yost. “Temos que estar dispostos a trazê-los constantemente de volta à linha”.
Os chefes foram aconselhados a adotar a política para dar o exemplo. “Eu vim trabalhar de jeans no primeiro dia”, disse Cama. “Se você veste, eles vestirão também”.

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