Por Gustavo Patu
Fonte: Folha de São Paulo
O que está em
andamento desde a gestão de Joaquim Levy na Fazenda é uma reavaliação de
custos e conveniência de cada renúncia. A começar pela maior delas: o Supersimples
A
ruína das contas do Tesouro Nacional pôs também sob questionamento uma miríade
de benefícios tributários de eficiência e merecimento controversos.
Ao
mencionar seus planos para reequilibrar o Orçamento, o ministro Henrique
Meirelles (Fazenda) incluiu a eliminação de "privilégios daqueles que não
precisam" e chamou desonerações tributárias de
"BolsaEmpresário".
Pelos
cálculos oficiais, o governo deixará de arrecadar R$ 295,9 bilhões neste ano
devido às renúncias fiscais previstas na legislação.
Trata-se
de valor capaz de manter os ministérios da Saúde, da Educação, do Trabalho e
dos Transportes e mais do que suficiente para consertar as finanças federais.
É
evidente que não está em cogitação acabar com todas as desonerações: isso
levaria a aumento brutal da carga tributária, e as regras especiais contam com
beneficiários em todos os estratos sociais.
O
que está em andamento desde a gestão de Joaquim Levy na Fazenda é uma
reavaliação de custos e conveniência de cada renúncia.
A
começar pela maior delas: o Supersimples, regime simplificado de tributação das
micro e pequenas empresas, cujo impacto na arrecadação federal é estimado em R$
77,4 bilhões em 2016.
A
Receita atuou para barrar, no ano passado, projeto que duplica, de R$ 7,2
milhões para R$ 14,4 milhões, o limite máximo de faturamento anual para se
enquadrar no programa. O texto, que provocaria perda estimada em R$ 11 bilhões
ao ano, acabou aprovado pela Câmara e remetido ao Senado.
Embora
tenha ampla aceitação no setor, o Supersimples tem sua eficácia em geração de
empregos e formalização de negócios contestada, por exemplo, por Mansueto
Almeida, especialista em contas públicas recémnomeado secretário de
Acompanhamento Econômico.
RENÚNCIA FISCAL
Os principais benefícios tributários federais em 2016
Benefícios | Em R$ bilhões |
---|---|
Simples | 77,4 |
Isenções e deduções do IR | 39,30 |
Zona Franca de Manaus e outras | 28 |
Desoneração da folha de pagamento | 25,90 |
Desoneração da cesta básica | 25,20 |
Entidades sem fins lucrativos | 23,3 |
Benefícios do trabalhador | 11 |
Poupança e outras | 7,4 |
Inclusão digital | 7,10 |
Desenvolvimento regional | 6,5 |
Informática e automação | 5,30 |
Medicamentos | 4,9 |
Pesquisa e inovação | 3,40 |
Olimpíada | 2,90 |
Infraestrutura | 2,7 |
Embarcações e aeronaves | 2,2 |
Setor automotivo | 2,1 |
Financiamento habitacional | 1,90 |
Transporte coletivo | 1,6 |
Cultura e audiovisual | 1,6 |
Outros | 16,2 |
IMPOSTO DE RENDA
Outro
ponto espinhoso de isenções e deduções é relacionado ao Imposto de Renda de
pessoas físicas e jurídicas, somando R$ 39,3 bilhões nas projeções deste ano.
Estudos
defendem a tributação de dividendos, ou seja, da parcela dos lucros das
empresas compartilhada com o conjunto dos acionistas.
Ainda
sob o comando de Dilma, o governo propôs IR sobre heranças acima de R$ 5
milhões e doações de valor superior a R$ 1 milhão.
Outra
proposta recorrente é criar uma alíquota mais elevada de 35%, por exemplo para
o IR dos contribuintes de renda mais alta.
Em
todos os casos, o argumento é que o Brasil, embora imponha a seus cidadãos uma
das cargas tributárias mais elevadas do mundo, arrecada relativamente pouco com
a taxação direta da renda, que atinge os mais ricos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Recurso exclusivo para assinantes do Blog Siga o Fisco
Para Consultoria, Palestras, Cursos, Treinamento, Entrevista e parcerias, envie através de mensagem e-mail, nome e contato.