Por Estadão Conteúdo
Fonte: Diário do Comércio – SP
Crítico das
desonerações, Bernardo Appy, ex-secretário de política econômica, afirma que
boa parte dos regimes especiais, para este ou aquele setor, foi criada para
reduzir distorções de tributos ruins
Em
outros países é comum aliviar o imposto de renda, mas é raro mexer na
tributação de bens e serviços ou criar tantas alíquotas de impostos para
indústrias, expediente comum aqui. Hoje, há cerca de 130 tipos de gastos
tributários, nome dado às desonerações.
O
ambiente é danoso, explica o economista Bernard Appy, ex-secretário de Política
Econômica do Ministério da Fazenda e hoje sócio do Centro de Cidadania Fiscal,
entidade dedicada à avaliação e criação de políticas públicas.
“Não
há dúvida de que uma parte do excesso de benefícios no Brasil vem da
complexidade do sistema tributário: na hora que você cria tantos regimes
especiais, forma um enorme balcão para pressões das empresas”, diz Appy.
Ele
lembra que boa parte dos regimes especiais, para este ou aquele setor, foi
criada para reduzir distorções de tributos ruins.
“Evidentemente,
conseguem benefícios empresas e setores com maior poder de pressão”, diz Appy. “Mas aí
amplia-se o problema, porque um setor ganha, mas outro não, e pior, a
sistemática abre espaço para a corrupção.” Para Appy, a única maneira de livrar
o País do emaranhado de tributos e desonerações é zerar o sistema e começar
outra vez. “A melhor forma de corrigir um tributo ruim é acabar com ele”, diz.
Um
exemplo de que a benesse tributária virou bola de neve é o Simples Nacional, regime diferenciado para pequenas e médias
empresas. Virou o campeão de desonerações porque as empresas querem ficar nele
e fugir do sistema tradicional: serão R$ 62 bilhões em renúncias neste ano.
De
2011 a 2012, houve redução nas suas alíquotas. Em 2015, ampliou-se o rol de
setores com direito a ele.
Agora,
tramita no Congresso uma lei para elevar o teto de faturamento de empresas com direito ao
regime, de R$ 3 milhões para R$ 14 milhões. “Resultado que, definitivamente,
não é de um pequeno negócio”, diz Appy.
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