Por Wladimir
Miranda
Fonte: Diário do Comércio – SP
Dilamar Oliveira
relata que o seu restaurante sofreu queda de movimento e que vários empresários
do ramo já tiveram de fechar as portas devido à sangria tributária
O
gaúcho Dilamar Oliveira, 40 anos, é há seis proprietário do restaurante
Prazeres da Carne, na região do Ibirapuera, Zona Sul de São Paulo.
Administra
um negócio que, embora já tenha sido muito mais rentável, ainda tem clientela
garantida. Tem planos ousados, quer abrir mais unidades do Prazeres. Esbarra,
porém, no excesso de tributos que tem de pagar.
“É
preciso haver redução na carga tributária. Hoje, o empresário brasileiro paga
muitos impostos, e recebe muito pouco em troca”, afirma.
Dilamar
conta que a sangria tributária já fez muitos de seus amigos empresários
fecharem as portas. Ele mesmo enfrenta
dificuldades. Prefere não falar sobre o seu faturamento mensal. Mas conta que
até 2014 o Prazeres da Carne costumava servir 12 mil refeições por mês.
Hoje,
diz ele, serve de cinco a sete mil refeições mensais. E, importante, mesmo com
a queda do movimento, afirma que não demitiu ninguém. Mantém intacto o quadro
de funcionários.
“Já
passei por crises para administrar meu negócio. Só consegui superar os
obstáculos porque sempre fui muito persistente. São muitos impostos que temos
de pagar: Cofins, ICMS, PIS...", afirma. "Estes são apenas alguns de
que me lembro. Mas se eu pensar com mais calma certamente vou me lembrar de
mais.”
A
memória precisa ser boa mesmo, afinal, o contribuinte lida, direta ou
indiretamente, com 63 tributos em seu dia a dia. E alguns deles são de
compreensão complexa, como é o caso do ICMS, que tem legislações distintas em
cada um dos 27 Estados.
Essa
avalanche tributária consome, em média, 2.600 horas das empresas ao ano. O que
Dilamar e outros empresários pedem, é uma reforma que simplifique o sistema e
reduza a carga tributária, que hoje equivale a mais de 34% do Produto Interno
Bruto (PIB) do País.
A
reforma tributária é necessária, mas não há consenso sobre os meios para se
chegar a ela. Uns falam em reforma ampla, que juntaria os principais impostos
em um só, criando algo semelhante ao Imposto sobre Valor Agregado (IVA)
europeu.
Outros
falam em micro reformas, simplificando a legislação dos impostos vigentes. A
tendência é que esta seja a forma mais simples de se chegar ao objetivo.
No
Congresso já há projetos para modificações no Pis/Cofins, unificando as diferentes
alíquotas desses impostos. O ISS também está sendo reformado por uma proposta
que já foi aprovado no Senado, modificado pela Câmara e agora espera nova
análise dos senadores.
Mas
certamente qualquer modificação no sistema tributário seria pouco eficiente sem
a reforma do ICMS, por se tratar do imposto mais abrangente do País. Mas cada
tentativa de mudança nesse tributo, mais dificuldades são criadas.
Recentemente
as Fazendas Estaduais tentaram corrigir distorções entre a arrecadação que vai
para o Estados de origem e aquela que vai para o de destino por meio do
Convênio n° 93 do Confaz. Mas cada Estado passou a interpretar o Convênio a sua
maneira, complicando ainda mais a vida do contribuinte.
Dilamar
também tem muitas restrições às leis trabalhistas. “Claro que precisamos de uma
reforma tributária ampla, com ênfase na reforma trabalhista.
A
lei que rege a relação empregador/empregado é antiga”, diz, ao se referir à CLT
(Consolidação das Leis Trabalhistas), criada em 1º de maio de 1943, no
Decreto-Lei número 5.452, durante o Estado Novo (1937-1945), do ditador Getúlio
Vargas. O decreto teria sido inspirado na Carta Del Lavoro, do Governo fascista
italiano de Benito Mussolini.
Ele
argumenta que se houvesse uma reforma tributária, que alcançasse os tributos
fiscais e também as leis trabalhistas, o país ficaria melhor. “Todos iriam
ganhar. O país certamente cresceria mais. Teria muito mais condições de
empregar muito mais pessoas. Seria bom para todos”, disse.
Dilamar
também reclama de falta de segurança. “Dia destes fui assaltado quando saía do
banco. Estava com o dinheiro reservado para fazer o pagamento da folha salarial
dos meus empregados. Saía da agência e fui abordado por três homens armados com
revólveres antes de entrar no estacionamento. Fiquei sem ação. À mercê dos
assaltantes. Pagamos tributos, inclusive para a área de segurança, e não
recebemos proteção”, afirma.
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