Por Estadão Conteúdo
Fonte: Diário do Comércio – SP
A ideia é aprovar um
projeto de lei que permita a securitização dos valores que a Receita Federal
tem a receber
O
governo está correndo para aprovar ainda nesta semana um projeto de lei que
pode garantir, segundo seus cálculos, R$ 55 bilhões aos cofres federais.
A
medida permite que sejam vendidas no mercado as dívidas que a Receita Federal
tem a receber de contribuintes que parcelaram o pagamento de tributos.
A
proposta entrou na chamada "pauta do fim do mundo", o conjunto de
matérias que o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL)
pretende votar até o final desta quarta-feira (13/07), antes de o Legislativo
entrar em recesso branco.
O
texto recebeu alterações de última hora nesta terça-feira (12/07) à noite.
Nessa
operação, chamada de "securitização", a dívida a receber é convertida
em títulos e esses títulos são colocados à venda, com desconto.
Com
isso, é possível antecipar a entrada no caixa do governo de recursos que ele
demoraria algum tempo para receber. O objeto da operação são os créditos
negociados nas diversas edições do Refis, na esfera federal, e os parcelamentos
concedidos por governos estaduais e prefeituras.
Com
a crise financeira do setor público, a aprovação do projeto é vista como uma
fonte de receita fundamental no curto prazo para os governos enfrentarem o
período de vacas magras e baixa arrecadação de tributos até que a economia saia
da recessão. A aposta é que parte do rombo previsto para 2017 seja reduzido.
Pelo
projeto, a União, Estados e municípios poderão ceder esses créditos para a
iniciativa privada com deságio. As instituições financeiras que comprarem esses
créditos poderão "empacotá-los" por meio de Fundos de Direito
Creditícios e vender para os seus clientes.
Os
detalhes finais do texto substitutivo foram negociados hoje pelos ministérios
da Fazenda e do Planejamento com o senador José Aníbal (PSDB-SP), que
apresentou duas emendas ao projeto para dar mais segurança jurídica à proposta,
deixando claro que não se trata de uma operação de crédito.
Um
dispositivo da lei impede que os governos tenham compromissos complementares e
sejam obrigados a honrar os casos futuros de inadimplência.
Se
não der tempo para ser aprovado nesta quarta-feira, as lideranças do governo
darão prioridade ao projeto na volta dos trabalhos do Congresso.
Uma
das emendas negociadas determina que a arrecadação com a securitização seja
usada apenas para investimentos, amortização de dívida e financiamento da
Previdência Social, geral e de servidores. O dinheiro não poderá ser usado para
despesas correntes.
O
projeto, que ainda terá de passar pela Câmara, é de autoria do ministro das
Relações Exteriores e senador licenciado, José Serra. Para o senador José
Aníbal, a arrecadação pode até mesmo surpreender e chegar a R$ 100 bilhões.
Segundo
ele, os créditos estimados da União que poderão ser vendidos giram em torno de
R$ 120 bilhões e R$ 140 bilhões. "São créditos de boa qualidade porque já
foram parcelados", disse o assessor do Senado, Felipe Salto.
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