Por Estadão
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Fonte: Diário do Comércio - SP
Entre acumular
dívidas com fornecedores ou com o fisco, a segunda opção passou a ser a mais
usual
A
deterioração do cenário macroeconômico nos últimos anos obrigou as empresas, sobretudo as pequenas e médias, a
escolherem entre o pagamento de fornecedores ou o recolhimento de impostos.
Na
opinião do economista Juarez Rizzieri, professor sênior da Faculdade de
Economia e Administração da USP, a decisão geralmente pende para o lado da
sonegação.
"Normalmente,
a empresa para de pagar os impostos municipais e estaduais e tenta ao máximo pagar as dívidas com
a Receita Federal, onde ela sabe que a punição é
rápida e maior. Mas essa busca pela sobrevivência vem destruindo a segurança
jurídica do ambiente corporativo", diz o especialista.
No
caso de Humberto Gonçalves, dono de uma indústria de forja e estamparia há 24
anos na cidade de São Paulo, a recessão levou à suspensão completa de pagamento
de impostos.
"Os
últimos quatro anos estão críticos. Teve um mês em que eu não consegui pagar o
ICMS de 18%. No outro mês eu estava, portanto, devendo o novo mês, o mês
passado e mais 20% de juros pelo atraso. Daí para frente, a situação se
desenrolou como uma bola de neve", conta ele, que contabiliza uma dívida
de mais de R$ 1 milhão em impostos.
Para
Marcio Morgado, da rede de franquias Nat Fruit Ice, as dívidas com o Fisco
resultaram na perda de crédito com os fornecedores.
"Eu
vivo de revender produtos para os franqueados e da cobrança dos royalties sobre
a receita deles. Mas parei de cobrar royalties, se não eles quebram, tenho de
comprar tudo à vista. Se pagar os impostos, não tenho o que vender."
COMÉRCIO
LIDERA IRREGULARIDADES
Por
ramo de atividade, pesquisas do Ibracem e da FGV-SP apontam as empresas de comércio como líderes em irregularidades - só 4% dos empreendimentos não têm
pendências.
O
ramo industrial vem na sequência, com 91,83% de negócios irregulares, empatado
com o setor de serviços. O problema atinge até empresas de auditoria e
contabilidade, que teoricamente têm no controle da burocracia e do pagamento de
impostos sua atividade principal.
Quase
90% delas têm hoje algum tipo de irregularidade, incluindo as multinacionais de
auditoria, como a americana Grant Thornton. A empresa tirou uma certidão
negativa em novembro, com validade de seis meses. No entanto, consta em seu
registro uma pendência na prefeitura de São Paulo.
"Nós
temos um parcelamento na prefeitura e, em virtude disso, não é possível fazer a
emissão da certidão de maneira online", diz o sócio da área de tributos da
empresa, Murilo Pires.
"É por esse
motivo que temos uma certidão válida e, na medida em que está para vencer, é
preciso levar ao conhecimento do órgão, apesar de ele já ter essa informação,
mostrar todos os documentos que estamos honrando com o pagamento para que seja
possível a emissão de uma nova certidão", explica Pires, que faz um
paralelo do ambiente de negócio do País com o da Índia. "Sem dúvida, o
Brasil é um País complexo."
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